Vereador de Boa Vista preso por desacato e xingamentos aparece em sessão, mas não fala com a imprensa

05 de julho de 2022

13:07

Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

BOA VISTA — Após ser preso por desacato e por proferir ofensas a policiais militares durante uma abordagem no fim de semana, o vereador Kleber Siqueira (Solidariedade) participou da sessão desta terça-feira, 5, na Câmara Municipal de Boa Vista. Ele não quis falar com a imprensa. Segundo a assessoria, a manifestação dele já foi feita por meio de nota.

Kleber Siqueira é presidente da principal comissão da Casa Legislativa Municipal, a Comissão de Constituição de Justiça e Redação (CCJ). Durante a sessão desta terça-feira, 5, ele somente se manifestou quando os parlamentares votavam a “Ordem do Dia”. Vereadores de Boa Vista ignoraram o episódio. Dos 21 presentes na sessão, ninguém comentou sobre o episódio da prisão do parlamentar.

O vereador Kleber Siqueira só foi liberado depois que pagou uma fiança de R$ 4,8 mil. A esposa dele, que também havia sido detida por embriaguez ao volante, pagou fiança de R$ 2,4 mil.

Sessão desta terça-feira, 5, na Câmara Municipal de Boa Vista. (Gabriel Abreu/Revista Cenarium)

No relatório da PM, os policiais informam que deram a ordem para que Kleber Siqueira colocasse a mão na cabeça. Porém, o parlamentar se negou e ainda alegou conhecer “coronéis e secretários e que iria ligar para eles”. Por conta da recusa, os agentes acionaram apoio de outras viaturas. Por chamarem reforço policial, o vereador xingou os policiais chamando-os de “babaca, p** no ** e otários” e que não seria abordado pois era “autoridade”.

Na delegacia, os policiais identificaram que a mulher que estava com ele e que saiu pela porta do motorista do carro estava com “odor de álcool no hálito, olhos vermelhos e exaltada”. Ela foi questionada pelos PMs se havia ingerido bebida alcoólica e foi levada junto com o vereador para a Central de Flagrantes da Polícia Civil.

Segundo a PM, o vereador dirigiu-se ao soldado e disse: “você não é o machão? Vem aqui fora que eu vou te dar um pau”. Um agente da Polícia Civil constatou a ameaça e o prendeu.

Alvo de investigação

Em abril do ano passado, o vereador Kleber Siqueira foi preso durante uma operação da Polícia Federal (PF) que apura a compra de votos nas eleições de 2020. Durante a ação, ele foi preso por porte ilegal de arma de fogo e é réu em um processo por lavagem de dinheiro e organização criminosa em uma investigação sobre desvio milionário no fornecimento de quentinhas no sistema penitenciário.

Posicionamento do vereador

Em nota, a assessoria do vereador Kleber Siqueira esclareceu que o vereador não estava dirigindo o veículo abordado em procedimento policial. O veículo, de acordo com a assessoria, estava sendo conduzido por sua esposa, que não havia ingerido bebidas alcoólicas. Quando ouviram a sinalização para parar, prontamente a condutora estacionou o veículo no acostamento, adotando os procedimentos de segurança, acendendo a luz interna do carro, baixando os vidros do veículo e colocando as mãos em local visível.

O vereador sugeriu, inclusive, que caso desconfiassem que sua esposa tivesse ingerido bebida alcoólica, que fizessem o teste etílico. Contudo, os policiais afirmaram que não possuíam o bafômetro.

O vereador foi convidado para ir a delegacia prestar esclarecimentos e assim o fez, aguardando lá das 3h até as 10h, sem obter sucesso.  O vereador Kleber Siqueira aprova as meritórias ações policiais que ajudam no combate à criminalidade na nossa cidade, contudo, não compactua com abordagens truculentas onde o cidadão é tratado como “bandido”. Temos o maior respeito à corporação, todavia, não podemos generalizar diante de ações isoladas.

O vereador reiterou que não desacatou os policiais na hora da abordagem e nem aprova tal conduta. Disse, ainda, ser favorável que o cidadão respeite as autoridades, e que da mesma forma que a nossa polícia consiga, na abordagem, separar o “trigo do joio”.