13 de novembro de 2023
21:11
Daleth Oliveira – Da Agência Cenarium Amazônia
BELÉM (PA) – O atleta paraense Douglas Santos, mais conhecido como “DG”, atual campeão brasileiro da Série C pelo Amazonas FC, está sendo acusado de agressão física pela jovem Lígia Silva, que denunciou o suposto crime à Polícia Civil do Pará e nas redes sociais. O caso teria ocorrido durante a madrugada do último sábado, 11, em Belém.
Nas redes sociais, a vítima conta que o atleta teria tentado forçá-la a ficar com ele, dizendo que ele pode ter a mulher que ele quiser.
“Decidi por horas se faria isso, pois é uma exposição grave. Mas sou vítima, não posso me calar. Estou há mais de 24 horas sem me alimentar, só à base de água, e isso está me matando por dentro. Na madrugada de sexta para sábado, esse monstro [Douglas Santos] queria ficar comigo à força. Acreditem, uma pessoa que pega um fora e continua pressionando quer ficar à força, sim“, relata Lígia no Instagram.
“[O Douglas] invadiu o banheiro onde eu estava e me agarrou, me agrediu, arrancou meu cabelo, unha e partiu meu beiço. Só não apanhei mais porque sou forte e ainda consegui lutar com ele, mas a minha forma é incomparável com a dele“, relembra a jovem.
Ela diz ainda que registrou um Boletim de Ocorrência (BO) e fez exames de corpo de delito. Após o caso, DG ainda teria enviado mensagens zombando da situação que a deixou amedrontada.
“Ele [Douglas Santos] me deixou traumatizada de uma maneira que pensei nunca sofrer. Já tomei providências, fiz corpo de delito, e você pagará perante a Justiça, Douglas Santos. Você é um monstro, maníaco doente. Acabou com o meu psicológico“, relata.
Vínculo negado
Após repercussão da denúncia, o Amazonas FC divulgou nota afirmando que o clube não tem mais vínculo com o jogador. “O Amazonas FC informa que o atacante DG não é mais jogador do clube, conforme divulgado por algumas páginas e site de notícias. O vínculo do ex-atleta aurinegro expirou ao término da Série C do Campeonato Brasileiro, faltando apenas os trâmites legais para a formalização do encerramento“, diz a nota.
O time também repudiou qualquer tipo de agressão. “Repudiamos qualquer ato de agressão contra mulheres e esperamos que os fatos sejam devidamente apurados. A violência é inaceitável e não há espaço para este tipo de conduta em nossa sociedade“, finaliza o comunicado.
Violência contra mulher
A delegada da Polícia Civil do Pará, Elizete Cardoso, lamentou o ocorrido e disse que acredita que a justiça será feita. “Vamos dar um basta. Sou a favor dos rigores da lei para esses animais travestidos de homens que pensam que ficarão impunes diante dessa violência. Cadeia, multa e indenização neles“, declara a servidora.
Nos últimos três anos, o Pará registrou um aumento de 100% nas concessões de medidas protetivas destinadas a resguardar vítimas de violência doméstica, conforme dados divulgados pelo Tribunal de Justiça do Pará (TJPA). Só em 2022, mais de 15.500 medidas protetivas foram concedidas.
Paralelamente, o primeiro semestre de 2023 revelou um aumento no número de feminicídios no Estado. Enquanto de janeiro a julho de 2022 foram registrados 28 casos, no mesmo período deste ano, o número ascendeu para 30, representando uma variação de 7,1%, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgados nesta segunda-feira, 13.
Agressão é crime
A Lei Maria da Penha (Lei N° 11.340) foi sancionada no dia 7 de agosto de 2006 e representa grande avanço na garantia dos direitos humanos das mulheres no Brasil. O texto estabelece que todo caso de violência doméstica e intrafamiliar é considerado crime e deve ser apurado mediante inquérito policial, com remessa ao Ministério Público.
No Pará, a Defensoria Pública do Estado do Pará (DPE-PA) é um canal que vítimas podem procurar para se protegerem de agressores. O telefone do Núcleo de Prevenção e Enfrentamento à Violência de Gênero (Nugen) da DPE é (91) 32429035.
Diante de qualquer ato de violência doméstica e de gênero contra a mulher, as Delegacias Especializadas da Polícia Civil podem ser procuradas, de forma imediata, para o registro da ocorrência. Contudo, as denúncias também podem ser feitas em qualquer delegacia.
As denúncias também podem ser realizadas por meio do 190, em casos de urgência e emergência, 181, por meio do Disque-Denúncia e, no aplicativo WhatsApp, por meio da Iara, no número 98115-9181.