200 mil mortos! Brasil chega à triste marca e passa a ser o segundo país mais atingido pela Covid, no mundo

Uma marca inevitável diante de um governo federativo que desdenha do problema. Segundo especialistas, ainda há espaço para o aumento do número de mortos (Reprodução/Samuelknf)

07 de janeiro de 2021

21:01

Mencius Melo e Ana Pastana – Da Revista Cenarium

MANAUS – O Brasil chegou à triste marca de 200 mil mortos e agora ocupa a segunda colocação entre os países mais vitimados pela contaminação do novo Coronavírus, ficando atrás apenas dos EUA. Em ambos os países, o discurso negacionista com forte ênfase na proteção econômica marcou a fala dos mandatários. Desde o começo, coube aos governadores de Estado a tarefa de enfrentar a pandemia.

Para o sociólogo Luiz Antônio, o Brasil caminhou para esse desastre com determinação. “Desde meados de março já se sabia o ciclo da doença, as formas mais prováveis de contágio e os cenários de contágio com ou sem ações de governo e da sociedade. E desde lá se indicava o número de mortos em cada cenário; cerca de 3,5% dos casos graves com internação”, detalhou o cientista.  

“Os países cujos governos deram ouvidos aos cientistas como biólogos, epidemiologistas, estatísticos, sociólogos, matemáticos, médicos e adotaram medidas de distanciamento social, testagem em massa e isolamento de quem testou positivo, forte campanha de mídia, adoção de lockdown, fechamento de fronteiras, têm apresentado números baixos de óbitos e sem registros de colapso no sistema de saúde”, observou.

Ouvidos à ciência

“Podemos citar o Uruguai, Venezuela como exemplos próximos que ouviram a Ciência. Já o Brasil, EUA e Itália, são exemplos de comportamento criminosos dos governos, deixando seu povo à sorte”, condenou Luiz Antônio. Entre os números comparativos pode-se comparar os vizinhos argentinos. A população da Argentina é de 45.464, 745 milhões de habitantes já seus mortos por Covid-19 são de 43.976 mil pessoas. Matematicamente uma média de 1,033 mortos a cada um milhão de habitantes.

Já em países como EUA, Itália e Espanha, onde a pandemia não teve o tratamento a altura do perigo que representa para a população, os números assustam. Na Espanha foram até aqui 51.675 mil mortos, em um universo de 46.647, 259 milhões de habitantes. Na Itália foram 76.877 mortos em uma população de 60.549, 483 milhões de habitantes. Nos EUA onde se tem 332.571,166 milhões de habitantes, foram assustadores 361.383 mil mortos.

Ainda de acordo com Luiz Antônio, a reconhecida confusão com que o presidente Bolsonaro governa, abre margem para o crescimento dos números. “Com o advento das vacinas, de novo, o Brasil diz ao mundo que tem um governo mensageiro da morte e até que os grupos de risco sejam finalmente imunizados, anote, poderemos ultrapassar 300 mil pessoas mortas em decorrência de um governo genocida”, condenou o sociólogo.

Triste protagonismo

Na desoladora soma dos números, o Amazonas e a capital Manaus contribuem de forma dolorosa no calor das estatísticas. São 5.546 mortos no Estado segundo dados da FVS-AM desta quinta-feira, 7, sendo que somente na cidade de Manaus são 3.589 mortos. Boa parte dessa triste aritmética advém da não aceitação das medidas de isolamento por parte da população que se recusou a cumprir os protocolos sanitários básicos.

Na chamada fase roxa, Manaus voltou a fazer parte dos noticiários no mundo todo. Jornais como ABC News, The New York Times, The Washington Post noticiaram a capital do Amazonas como um dos lugares mais atingidos pela contaminação do vírus Sars-CoV-2, no que parece ser a fase mais aguda da contaminação desde o início da pandemia que deixou países em total estado de alerta.

Com desânimo, Luiz Antônio reconhece que a situação política do Brasil em face da pandemia não é das melhores. “Eu queria estar enganado, mas quando um país fica sem ministro da saúde por meses em plena pandemia e ao ter um ‘ministro general’ que eu gostaria de não ter é preciso reconhecer que temos um incompetente dirigindo um ministério em meio à maior crise de saúde pública da história humana”, finalizou.