Bolsonaro x Lula: outdoors aumentam clima de polarização política em Manaus

Apoiadores tanto de Bolsonaro, quanto de Lula, já pensam em uma possível disputa entre os políticos (Reprodução)

17 de abril de 2021

17:04

Matheus Pereira

MANAUS – Desde a decisão do ministro Edson Fachin do Supremo Tribunal Federal (STF) de anular as condenações impostas pelo ex-juiz Sergio Moro ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a qual permitiu que ele retomasse seus direitos políticos, o petista voltou a ser a principal “ameaça” ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em uma possível disputa eleitoral para o principal cargo do executivo em 2022. Em Manaus, o clima de polarização política tem ficado evidente em outdoors espalhados pela cidade. Uma dessas plataformas de publicidade que demonstrava apoio ao ex-presidente Lula, na zona Leste da capital amazonense, chegou a ser alterada por apoiadores de Bolsonaro.

Em 2018, o então candidato pelo PSL derrotou o petista Fernando Haddad no 2° turno com 55,13% dos votos contra 44,87% do adversário. A retomada dos direitos políticos de Lula reacendeu mais uma possível disputa entre Bolsonaro e um representante do PT. Durante os últimos meses, o presidente tem tido como seu principal adversário político, principalmente por conta de decisões relacionadas à pandemia de Covid-19, o governador de São Paulo, João Dória (PSDB).

Na última terça-feira, 13, o Senado instaurou a CPI da Covid, que investigará as ações e omissões do governo federal e o colapso da saúde no Amazonas. Para o cientista político, Marcelo Seráfico, ainda que haja certo frisson para discutir a sucessão de Bolsonaro agora, este não é o momento oportuno, tendo em vista as mais de 360 mil mortes por Covid-19 no Brasil.

Mesmo com o atual cenário apontado pelo especialista, os apoiadores tanto de Bolsonaro, quanto de Lula, já pensam em uma possível disputa entre os políticos. Se por um lado os eleitores do ex-presidente “querem Lula de novo”, os do capitão reformado o enxergam como a “última barreira contra o comunismo”.

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro também têm usado os outdoors para ‘levantar a bandeira’ do chefe do Executivo (Reprodução)

Seráfico alega que ainda é muito cedo para avaliar o processo eleitoral, mas afirma que promove uma alteração substantiva no processo político nacional, que a princípio não está ligada à polarização, mas sim às decisões do presidente em meio à pandemia. “A primeira mudança, que nada tem a ver com polarização, é a discussão sobre os grandes desafios do Brasil e a tentativa sistemática, de Bolsonaro, de reduzir a política a ações diversionistas. Isso somado ao agravamento da catástrofe econômica e pandêmica tem efeitos significativos sobre a popularidade dele”, apontou.

O especialista afirma que alguns fatores fazem com que a própria permanência de Bolsonaro na presidência seja uma incógnita e aponta ser impróprio e precipitado falar em reeleição. “Juntamente com a restituição dos direitos políticos do ex-presidente Lula, o agravamento da crise econômica e da crise pandêmica, a CPI da Pandemia tende a ser outro fator a contribuir para o esclarecimento do sentido antipopular, profundamente elitista, do atual governo”, finalizou.