Com 125 dias para eleição municipal em Manaus, 62% dos eleitores ainda se dizem indecisos, diz pesquisa

Pesquisadores afirmam que resultados coletados nas seis regiões da capital amazonense podem ter sido influenciados pelos recentes acontecimentos políticos e sociais. (Reprodução/Internet)

13 de julho de 2020

13:07

Carolina Givoni – Da Revista Cenarium

MANAUS – Faltando 125 dias para o primeiro turno das eleições municipais, as pesquisas eleitorais levantam possíveis cenários da disputa política. Com novos nomes e candidatos tradicionais, o levantamento mostrou que 62,3% dos eleitores ainda estão indecisos. Os pesquisadores realizaram entrevistas no dia 3 de julho, com 1.100 pessoas, usando Equipamentos de Proteção Individual (EPI) durante o contato presencial com o público, e afirmam que os resultados coletados nas seis regiões da capital amazonense podem ter sido influenciados pelos recentes acontecimentos políticos e sociais.

Segundo o Instituto Action responsável pela pesquisa registrada no TRE-AM, sob o Nº AM-07587/2020, diversas influências na pesquisa são originadas pelo relaxamento do isolamento social, redução dos casos e mortes por Covid-19 em Manaus, bem como o desenvolvimento da Operação Sangria, deflagrada pela Polícia Federal em junho passado, para investigar supostos superfaturamentos na Saúde do Amazonas.

O grupo ainda afirma que a inauguração do complexo viário da Avenida Constantino Nery, assim como a desativação do Hospital de Campanha Municipal Gilberto Novaes, e o diagnóstico, internação e remoção para São Paulo, do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, acometido por Covid-19, também influenciaram na preferência dos entrevistados.

O advogado e cientista político Carlos Santiago reitera que os efeitos da pandemia mudaram o percentual de entrevistados declarados como indecisos ou que não sabiam indicar um nome.

“São efeitos do reflexo da pandemia no processo eleitoral. Isso porque mesmo que a legislação eleitoral tenha autorizado a realização de reuniões comunitárias e entrevistas, isso foi inviabilizado pela pandemia. Assim isso acabou prejudicando enormemente a pré-campanha deste ano. Mesmo assim, ainda temos muitos partidos que não definiram suas diretrizes para campanha, por conta da situação”, explica.

Perfil do eleitor e preferências

Os entrevistados foram divididos em seis regiões, entre elas Zona Norte com 27,5%, Sul com 17,8%, Centro-Sul com 7,5%, 14,2% na Zona Oeste, 9,2% Centro-Oeste e Leste com 23,8%. Com participação de 47,2% de homens e maioria feminina com 52,5%. A idade média dos entrevistados, se concentrou em três grupos, sendo de 25 a 34 anos com 24,3%, 35 a 44 anos com 23,9% e 45 a 59 anos com 22,8%.

“Ao contrário da [pergunta de] intenção estimulada, na [pesquisa] espontânea não se mostram opções para escolha do eleitor. Livre para responder da maneira que desejar, a maioria das citações vem de ligações afetivas entre o candidato e o eleitor. Nota-se, em primeira mão, 62,3% não cotaram nome algum, indicando que a eleição ainda não é o assunto principal entre a população. Não surpreende, pois até poucos dias nem a data estava confirmada”, diz o material divulgado pela Action.

Sobre os candidatos citados pela população, Amazonino Mendes registrou 12,3% da preferência, sendo o único pré-candidato a alcançar dois dígitos. Juntos, os brancos e nulos, os quais são descartados na contagem dos votos válidos. No entanto, servem para medir o índice de insatisfação e descrença chegaram a 10,6%, conforme divulgado pela Action.

A disputa pela segunda vaga, hoje segue com David Almeida alcançando 4,5%, e José Ricardo em terceiro com 3,4%.

Rejeição

A rejeição representada pelo Instituto avalia nomes políticos dos quais o eleitor não votaria. Com a citação de até dois nomes, Conceição Sampaio e Amazonino Mendes obtiveram rejeição maior que 15%. Seguidos de Chico Preto, Marcos Rotta, Hissa Abrahão e José Ricardo ficaram entre 10% e 15% e Josué Neto com 9,2%. Entre os demais, rejeitados com menos intensidade, estão David Almeida (3,5%) e Capitão Alberto Neto (5,1%).

Para a intenção de voto estimulada e a rejeição, se mostra aos entrevistados todas as opções. Quando estimulados, os eleitores indecisos migram para as opções, caindo de 62,3% para somente 6,1%. Nessa avaliação Amazonino Mendes foi citado por 28,5% e David Almeida por 16,4%. E como o mais citado não superou 50%, a eleição seria decidida no segundo turno entre os dois.

“Faltam mais de 100 dias para o pleito e todos irão trabalhar, articular, compor chapas, desfazer chapas, recompor chapas e, provavelmente, o
número de candidatos homologados por seus partidos nas convenções em setembro, será bem menor. Entre 9 e 11, seria um bom palpite”, finaliza a publicação do Instituto de Pesquisas.