Com sessões remotas, deputados do AM gastam mais de meio milhão de reais com transporte na pandemia

Atila Lins (à esq.), Sidney Leite (ao centro) e Silas Câmara (à dir.). (Reprodução/Internet)

09 de fevereiro de 2021

10:02

Marcela Leiros

MANAUS – Mesmo com a adoção do regime de trabalho remoto na Câmara Federal durante todo o ano passado, os deputados federais do Amazonas Sidney Leite (PSD), Silas Câmara (Republicanos) e Átila Lins (Progressistas) gastaram juntos R$ 800 mil em despesas de transporte como fretamento de jatinho, aluguel de carro, combustível e passagens aéreas.

Eles estão entre os 12 deputados que aumentaram esse tipo de pagamento em 2020. Em dezembro, mês em que os casos de Covid-19 voltaram a crescer no Brasil e especialmente no Amazonas, Leite alugou uma aeronave por R$ 82 mil para se locomover até o interior do Estado e participar de festas natalinas. Leite é o campeão de gastos com transportes: R$ 347,1 mil.

Também do Amazonas, Silas Câmara manteve o uso regular de aeronaves para visitar aliados político-partidários e também religiosos. Durante o ano, ele gastou ao menos R$ 206 mil em bimotores e até um hidroavião, além de estar na lista dos que mais pediram reembolso com deslocamentos.

Já o deputado Átila Lins gastou o total de R$ 232,6 mil com locação ou fretamento de aeronaves e com passagens aéreas para se locomover até Brasília, além da locomoção terrestre por municípios do interior do Amazonas.

Grupo de gastões

Silas ocupa também a terceira colocação de um grupo com 12 parlamentares que aumentaram gastos com transporte em relação a 2019. A alta apurada pelo Estadão foi de 47%, iniciada já em janeiro de 2020, quando ele pagou R$ 22,5 mil para cumprir em um hidroavião, agenda de dois dias com pastores das igrejas do Evangelho Quadrangular e Assembleia de Deus – ele é o líder da Frente Parlamentar Evangélica da Câmara.

Lista de “gastões” do transporte durante o ano de 2020. (Arte: Guilherme Oliveira/Revista Cenarium)

Em nota, Silas Câmara justificou os gastos alegando necessidade de checar “in loco” as demandas da Saúde no interior do Amazonas. “Como os recursos que nós destinamos via PAB, MAC e Ministério da Saúde estavam sendo aplicados. Não esqueçamos que por sua dimensão e dificuldades logísticas o território amazonense se difere de outros estados”, disse.

A reportagem da REVISTA CENARIUM entrou em contato com a assessoria dos deputados Sidney Leite e Átila Lins, mas não obteve retorno até o momento desta publicação.

Trabalho remoto

A orientação para que os deputados ficassem em casa ocorreu em março de 2020, no início da Pandemia de Covid-19, quando a Câmara regulamentou o uso da tecnologia para reduzir o risco de contágio. Desde então, a regra é realizar sessões online, evitando o deslocamento até mesmo para Brasília.

Os deputados do Norte têm valores de cota parlamentar maiores por causa da distância de seus Estados para Brasília. A base é o preço das passagens entre as capitais – as dificuldades de travessia, impostas pelas particularidades da região, não são levadas em conta. E, apesar de mais raros, há voos de carreira entre os principais municípios.