Congresso Nacional do Samba abre inscrições para trabalhos acadêmicos, crônicas e performances
03 de setembro de 2021
18:09
Priscilla Peixoto – Da Cenarium
MANAUS- As inscrições para a submissão de trabalhos ao 5º Congresso Nacional do Samba estão abertas até o dia 20 de setembro. O evento, que neste ano será online por conta da pandemia, tem como principal objetivo reunir pesquisadores e estudiosos e praticantes que irão apresentar trabalhos selecionados que deverão abordar a “genealogia” do ritmo de matriz africana encontrado em várias regiões do País.
O evento ainda terá debates divididos em quatro eixos temáticos: Batuques, Congadas e Músicas Sacras-Brasileiras; Sambas Rurais; Sambas Urbanos Tradicionais; e Sambas Urbanos Contemporâneos.
O evento será realizado no dia 2 de dezembro. O congresso é organizado pelo Laboratório de Preservação e Gestão de Acervos Digitais (Labogad) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, por meio do programa de extensão “Memorável Samba”, e pelo Centro de Referência e Informação em Artes e Cultura Brasileira (Criar).
De acordo com Ana Paula Borges, integrante da organização do evento, o congresso está aberto para três tipos de inscrições. “Pode ser inscrito artigos acadêmicos formulados por acadêmicos ou alunos do Ensino Superior desde que orientados por professores, ou nas modalidades crônica e performance em vídeo (teatro, dança e música). Nas duas opções qualquer pessoa pode mandar. Não precisam ter vínculo com instituições acadêmicas”, explica Paula.
Ana Paula ainda ressaltou que o evento será aberto ao público e qualquer pessoa pode participar, mas será cobrada uma taxa de R$ 30 de quem enviar material para a seleção. O objetivo é cobrir os custos mínimos da iniciativa e os interessados devem fazer a inscrição no site www.even3.com.br/5cns2021/ ou solicitar informações pelo e-mail [email protected].
Preservação do patrimônio e premiação
Na avaliação do professor, produtor cultural e doutor em samba global pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Jair Martins de Miranda, eventos deste tipo tanto preservam quanto promovem a relevância e riqueza contida no samba e os vários gêneros dele.
“É uma ferramenta de preservação evidente para a cultura brasileira, uma vez que o samba é um patrimônio imaterial nacional tombado em suas várias vertentes e também considerado pela Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura] como Patrimônio Mundial. Eventos como este promovem a importância disso”, diz o professor.
Em relação à premiação, a responsável pela realização do Congresso afirma que não haverá premiação, apenas a apresentação oficial dos trabalhos selecionados para participar de evento em formato inédito, desde sua primeira versão, em 1962.
Árvore como símbolo
Conforme Paula Borges, a temática incentiva uma imersão e permite a reflexão sobre a cronologia, cartografia e ramificações dessa manifestação cultural brasileira. Ela comenta sobre o significado da árvore como um dos símbolos escolhidos para esta 5ª edição.
“Esses ritmos estão colocados numa árvore porque quando os escravos vinham para o Brasil, as pessoas que os escravizavam os faziam ficar rodando em volta de árvores dizendo que se eles rodassem, eles iriam esquecer sua cultura, a sua memória. Ela era conhecida como a árvore do esquecimento, mas eles não esqueciam e davam um jeito de exaltar suas raízes através dessas camuflagens”, conta Paula.
Sobre o Congresso
A primeira edição do Congresso Nacional do Samba aconteceu em 1962 e foi organizada por um dos maiores etnólogos brasileiros, Edison Carneiro. O intuito é preservar as tradições do samba, a autenticidade, o estilo e a adaptação.
Com o passar do tempo surgiu, como “fruto” do evento, a Carta do Samba, uma memória do ritmo trazido da África para o Brasil que valoriza as aspirações de estudiosos, sambistas, intérpretes, folcloristas e amantes do ritmo.