28 de junho de 2020
16:06
Gisele Coutinho – Da Revista Cenarium
MANAUS – Em pleno século 21 o preconceito ainda é muito presente no cotidiano da comunidade LGBTI+. A LGBTfobia é uma realidade e de acordo com um relatório divulgado pelo Grupo Gay da Bahia, nos 100 primeiros dias de 2020 já foram registradas 102 mortes violetas de LGTs no Brasil, sendo 91 homicídios e 11 suicídios.
O dia 28 de junho, neste domingo, é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBT. A data foi criada em homenagem a um dos episódios mais marcantes na luta da comunidade gay pelos seus direitos: a Rebelião de Stonewall. Em 1969, a data marcou a revolta da comunidade LGBT contra uma série de invasões da polícia de Nova York aos bares frequentados por homossexuais, que eram presos e sofriam represálias por parte das autoridades.
A partir deste acontecimento foram organizados vários protestos em favor dos direitos dos homossexuais em diversas cidades norte-americanas.
E para auxiliar esse público, o Fundo Manaus Solidária fez a inclusão de 200 pessoas atendidas por grupos de LGBT nos cartões de vale-alimentação, doados pelo Grupo Avancard. Cada cartão está carregado com o valor de R$ 50, que pode ser utilizado na compra de gêneros alimentícios. O valor não pode ser gasto com bebidas alcoólicas.
Os vales-alimentação foram entregues, pela Prefeitura de Manaus para a Rede Nacional de Mulheres Travestis; Transexuais e Homens Trans vivendo e Convivendo com HIV/Aids – Seção Amazona; Associação de Desenvolvimento e Bem Estar Social do Amazonas (SOCEAMA); Orquídeas LGBT da Amazônia;
Além disso, a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc) entregou à entidade Casa Miga LGBT+, cestas básicas e máscaras de pano.
A Casa MIGA é a primeira casa de acolhimento da Região Norte, abrigando LGBTs brasileiros, refugiados e imigrantes, expulsos de casa e/ou em situação de vulnerabilidade social.
Por meio do acolhimento, a instituição busca mediar ações voltadas para educação em saúde em rodas de conversas e oficinas, além de cursos que agreguem conhecimento e fortaleçam essas pessoas durante esse momento difícil em sua vida.
Atualmente com 14 abrigados, sendo a capacidade total da casa de até 18 pessoas, além de moradia e alimentação, ao longo da estadia é prestado apoio biopsicossocial, formação profissional para poder, assim, garantir a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho e por consequência, proporcionar que elas possam seguir para uma nova etapa em suas vidas.
Para Lucas Brito, diretor da Casa MIGA, a data é marcada pela celebração à vida e, principalmente, o orgulho de ser quem é. “Reafirmamos a luta de décadas por direitos, por respeito, por oportunidades. Celebramos a revolta de Stonewall, mas não podemos esquecer de que toda luta LGBT desde a época da ditadura junto ao movimento feminista, ao movimento negro, que se uniram na busca de ter seus direitos reconhecidos”, disse.
Segundo Lucas, é importante falar sempre sobre o assunto para que os direitos sejam respeitados. “Precisamos falar sobre isso, sobre a violência e o preconceito. Precisamos dar oportunidades para que mulheres trans, homens trans, gays, lésbicas e bissexuais ocupem seu espaço na sociedade, no mercado de trabalho. Podemos e devemos para de negar que a LGBTfobia existe, a realidade está aí, precisamos assumir que algo está errado”.
Parada Gay e suas siglas
A primeira Parada do Orgulho Gay foi organizada em 1970 para lembrar e fortalecer o movimento de luta contra o preconceito. A Revolta de Stonewall é tida como o “marco zero” do movimento de igualdade civil dos homossexuais no século 20.
Umas das primeiras siglas a se tornar conhecida foi a GLS, que significa gays, lésbicas e simpatizantes. Criada em 1994, ela logo caiu em desuso, pois “simpatizantes” poderia designar qualquer pessoa, inclusive quem fosse hétero e apoiasse a causa, tirando o protagonismo da comunidade. A sigla passou, então, a ser GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros), até se tornar LGBT pela pressão feita por mulheres que sofriam desigualdade de gênero e invisibilidade dentro do movimento.
De alguns anos para cá, o Q e o + foram acrescentados para englobar também outras identidades de gênero, e a sigla LGBTQ+ se tornou a mais conhecida (e correta) para designar a comunidade. A sigla tem duas partes. A primeira, LGB se refere à orientação sexual do indivíduo, que pode ser: L: lésbica, mulher que se identifica como mulher e tem preferências sexuais por outras mulheres; G: gays, homens que se identificam como homem e têm preferências por outros homens; B: bissexuais, que têm preferências sexuais por ambos os gêneros.
A segunda parte, TQI+, diz respeito ao gênero: T: transexuais, travestis e transgêneros, que são pessoas que não se identificam com os gêneros masculino ou feminino atribuídos no nascimento com base nos órgãos sexuais; Q: questionando ou queer, palavra em inglês que significa “estranho” e, em alguns países, ainda é usado como termo pejorativo. É usado para representar as pessoas que não se identificam com padrões impostos pela sociedade e transitam entre os gêneros, sem concordar com tais rótulos, ou que não saibam definir seu gênero/orientação sexual.
Parada LGBT online
Para celebrar a data, será transmito várias debates onlines pelo Instagram @manifestalgbt.