Especialistas comemoram inclusão da diversidade religiosa e de gênero nas escolas de Manaus

A medida é considerada um avanço em meio à onda do conservadorismo. (Marcio James/Semcom)

22 de janeiro de 2021

16:01

Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS –  Após inclusão de estudos sobre racismo, homofobia e a discriminação no currículo escolar dos ensinos infantil e fundamental, aprovada pelo Conselho Municipal de Educação (CME). Especialistas entrevistados pela REVISTA CENARIUM comemoram o avanço da diversidade por meio da medida publicada no Diário Oficial do Município (DOM).

“É um avanço”, diz o pedagogo e mestre em educação Abel Santos, 43 anos, que classificou positivamente a determinação direcionada tanto para as escolas públicas quanto às escolas particulares (religiosas ou não). De acordo com as orientações, o currículo escolar passará a abordar temas que levarão ao entendimento sobre a pluralidade social, diversidade sexual, estudos sobre gênero.

E, além disso, a medida também visa contemplar o ensino da história indígena e afro-brasileira. Para Abel, que atua há 12 anos na área da educação, a decisão não é uma novidade, porém, precisa ser cumprida, para que finalmente as “bolhas” se rompam. “No Brasil, ainda encontramos muitos tabus e concepções equivocadas sobre o assunto – o que nos torna atrasados até mesmo em relação aos países da América do Sul, como Chile e Argentina”, afirmou o mestre.

Ambiente diverso

É fato que no ambiente escolar, as crianças desenvolvem suas primeiras habilidades sociocognitivas, tendo como ponto de partida o seu conhecimento prévio, sendo eles críticos ou aprendendo a respeitar as diferenças. Por isso, é de fundamental importância que os ambientes escolares e profissionais de educação abram espaço para tais assuntos com respeito às diversidades e aos direitos de todos.

Para a pedagoga Janete Aguiar, 47 anos, a medida traz uma perspectiva de inclusão, principalmente no quesito sexualidade e raça: “Vejo a decisão de forma positiva, pois abre espaço para que possamos trabalhar essa questão de respeitar o outro enquanto ser. Trabalhar ainda mais a beleza do olhar que as crianças têm, que é o olhar despido de qualquer tipo de preconceito e poder manter essa visão é maravilhoso e só acrescenta na formação desses pequenos cidadãos”, detalhou Janete.

É importante frisar que o intuito da medida não interfere na educação familiar, que forma a base comportamental do indivíduo e a escola auxilia na inserção das crianças na sociedade. O CME ainda deve acompanhar o cumprimento da resolução que será abordada de forma transversal nas disciplinas.