Indígena, mulher negra, pessoa com deficiência e criança representaram o povo em cerimônia de entrega de faixa presidencial
01 de janeiro de 2023
20:01
Mencius Melo – Da Revista Cenarium
MANAUS – Ao subir a rampa do Palácio do Planalto neste domingo, 1ª de janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu a faixa de um grupo de cidadãos que representou o povo brasileiro. Um líder indígena, uma pessoa com deficiência, uma criança, um idoso, um homem negro, uma mulher branca e uma negra subiram a rampa com ele. A faixa foi de mão em mão e, ao final, a mulher negra a entregou ao presidente da República do Brasil.
O gesto que também remete à diversidade emocionou o presidente e muitos foram às lágrimas com o simbolismo de uma cena que já entrou para os anais da história do Brasil. A multidão à frente do palácio ovacionou o presidente eleito e empossado. Aline Sousa, de 33 anos, foi a mulher que entregou a faixa. Ela é catadora desde os quatorze anos. Em seguida, o hino nacional foi executado e uma grande bandeira do Brasil se abriu sobre a multidão.
Discurso
Lula iniciou o discurso no parlatório agradecendo o acampamento “Lula Livre”, durante os mais de 500 dias em que ele ficou preso. “Quero agradecer àqueles que fizeram vigília no acampamento ‘Lula Livre’, naquele que foram os dias mais tristes da minha vida. E, hoje, no dia mais alegre da minha vida, quero dizer ao povo brasileiro: Boa tarde, povo brasileiro!“, saudou em meio a um sonoro “boa tarde” por parte do público.
Na sequência, Lula comunicou como será sua gestão. “A ninguém interessa um País dividido. Vou governar para todos e todas. Chega de ódios, fake news, guerras e bombas. Não existem dois ‘brasis’. Somos um só País. Uma só Nação. E ainda que nos arranquem todas as flores, a primavera há de chegar e ela chegou”, falou em tom poético.
Balanço
Lula fez um discurso parecido com o que fez no Congresso, mas, dessa vez, acrescentou um balanço do que foi seu governo. Os números positivos de seus dois mandatos nas áreas da educação, saúde pública, segurança alimentar, emprego e renda, segurança pública e nas políticas voltadas para o crescimento econômico e industrial do País. Também atacou a gestão de Jair Bolsonaro e seu comando “desastroso” na pandemia.
Durante a fala, Lula citou o resultado do estudo dos grupos de trabalho da transição e voltou a tocar no sucateamento do Brasil por parte de Bolsonaro. “Deixaram o País quebrado e quem vai pagar a conta é, mais uma vez, o povo”, acusou. “A história não perdoará os responsáveis por 700 mil mortos na pandemia“, previu. Imediatamente após a fala do novo presidente, o povo entoou um grito que ecoou na Esplanada dos Ministérios: “Sem anistia! Sem anistia! Sem anistia!“.
Emoção
Durante a fala sobre a realidade da população empobrecida no Brasil, Lula não conteve as lágrimas. “Não é possível aceitar crianças pedindo nos sinais. Famílias dormindo em baixo de viadutos e pessoas exibindo cartazes de papelão, nos semáforos, com frases que nos envergonham: ‘por favor, me ajude”, discursou em lágrimas.
Encaminhando-se para o final da cerimônia, Lula adiantou que irá combater o preconceito, a discriminação e o racismo. Elogiou os profissionais da saúde na pandemia e o SUS. “Quero parabenizar os profissionais do SUS pela coragem na pandemia. Eles enfrentaram um vírus letal e um governo irresponsável. O mandatário voltou a exaltar as mulheres. “Em meu governo, as mulheres serão o que elas quiserem ser e estarão onde quiserem estar”, destacou.
Ao final do discurso no parlatório, Luiz Inácio Lula da Silva e seu vice Geraldo Alckmin acenaram para o povo que aplaudiu, efusivamente, as palavras do presidente eleito. Lula fechou o discurso exaltando a união da frente democrática que o elegeu e governará com ele. “Vamos juntos. A esperança venceu o medo e o amor venceu o ódio”, finalizou.