Mato Grosso é o Estado que mais desmata na Amazônia Legal, aponta Imazon

Área de floresta ilegalmente desmatada nas proximidades da terra indígena Menkragnoti, entre Mato Grosso e Pará (Marcio Isensee e Sá/Getty Images)

21 de março de 2024

21:03

Davi Vittorazzi – Agência Cenarium

CUIABÁ (MT) – O Mato Grosso foi o Estado da Amazônia Legal que mais desmatou no primeiro bimestre de 2024, segundo dados levantados pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). A área desmatada é de 63 quilômetros quadrados (km²) e representa 32% do território amazônico mato-grossense.

Os outros Estados que lideram o ranking em seguida são Roraima (30%) e Amazonas (16%). Somados com Mato Grosso, eles tiveram 152 km² de florestas derrubadas no bimestre, o equivalente a 77% de toda a destruição detectada na Amazônia.

Tabela mostra o desmatamento nos estados da Amazônia Legal.
Mato Grosso é lider de desmatamento (Reprodução/Imazon)

Segundo a análise do Imazon, no território mato-grossense o avanço do desmatamento ocorre, principalmente, devido à expansão agropecuária, com destaque para municípios como Feliz Natal, Nova Maringá, Juína, Juara, Marcelândia e Canarana. Esses seis municípios estão presentes nas listas dos dez que mais destruíram a floresta em janeiro ou fevereiro. Os dois últimos, Marcelândia e Canarana, apareceram na lista por dois meses seguidos.

A Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro e é composta por nove Estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. Apesar de ser o Estado que mais desmatou desse grupo, Mato Grosso apresentou redução de desmatamento em relação ao mesmo período do ano passado, quando desmatou 242 km².

AGÊNCIA CENARIUM entrou em contato com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) para comentar sobre as ações de combate aos desmatamento em vigor, mas não obteve retorno até o fechamento desta publicação.

Outros Estados

No Estado de Roraima, a derrubada da floresta tem avançado também dentro de terras indígenas. Em janeiro, metade dos territórios dos povos originários entre os dez com maior desmatamento ficavam no Estado. Em fevereiro, quatro estavam em solo roraimense. Foram oito territórios diferentes nos rankings, sendo três deles com presença em ambos os meses: Yanomami, Manoá-Pium e Raposa Serra do Sol.

Quanto ao Amazonas, onde os municípios da região sul têm registrado os maiores índices de desmatamento, também foi observada uma expansão dentro dos assentamentos. Em janeiro, apenas o Projeto de Assentamento Dirigido Rio Juma (PA Rio Juma) estava entre os dez com maior área desmatada, ocupando o 5º lugar. Em fevereiro, esse assentamento assumiu a liderança do ranking e outros três do Amazonas entraram na lista: PA Acari, Projeto de Assentamento Agroextrativista Acará (PAE Acará) e PAE Antimary, ocupando respectivamente o 2º, 3º e 6º lugares.

Desmatamento em Lábrea, município no sul do Amazonas (Victor Moriyama/Amazônia em Chamas)
Queda no desmatamento

Conforme o levantamento do Imazon, que teve como base o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), em todo o bioma, fevereiro foi o 11º mês consecutivo de redução do desmatamento. A devastação em janeiro e fevereiro deste ano impactou 196 km², o que corresponde 63% a menos do que nos mesmos meses em 2023, quando foi detectada a destruição de 523 km².

Numa comparação entre capitais brasileiras, a área de floresta perdida em janeiro e fevereiro na Amazônia supera os territórios de três delas: Vitória (97 km²), Natal (167 km²) e Aracaju (182 km²). Se equiparado a campos de futebol, a devastação no primeiro bimestre chegou a quase 327 deles por dia.

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Editado por Adrisa De Góes