Mulheres são maioria nos games, mas ainda encontram resistência em competições profissionais, diz pesquisa
08 de abril de 2021
16:04
Matheus Pereira
MANAUS – A Pesquisa Game Brasil (PGB), divulgada nesta quinta-feira, 8, revela que a comunidade gamer do Brasil é dominada por mulheres. Com 51,5% do público de jogos eletrônicos do País, a preferência feminina está relacionada ao tamanho do mercado de smartphones e, apesar disso, as jogadoras ainda encontram resistência no cenário competitivo do ramo, tanto a nível amador quanto a nível profissional.
No levantamento também foi revelado que 72% dos brasileiros têm o costume de jogar jogos eletrônicos, independente da plataforma. Já a dominância feminina em jogos mostra ainda que a quantidade de jogadores é compatível com índices demográficos, equivalentes às características gerais da população do Brasil. Ou seja, a população é mais feminina, com grande hábito de jogar, confirmando esta tendência.
Resistência no meio competitivo
Outra conclusão da pesquisa é que o hábito de jogar games não tem relação diretamente com o sexo do jogador e há mercado e produtos para todos os perfis. Por isso, a atleta do Manaus FC E-Sports Aryana Gisely conta que começou a jogar Free Fire – jogo de tiro e sobrevivência disponível para dispositivos móveis mais popular do mundo – por diversão.
Após acompanhar as competições, Aryana se interessou pela dinâmica do jogo, resolveu começar a competir, mas teve dificuldades no meio competitivo do jogo. “No começo não tinham muitas mulheres com visibilidade no competitivo. Existia muito preconceito de que mulher não estava no nível dos homens e com o tempo fomos ganhando visibilidade mostrando o nosso potencial”, afirmou a jogadora.
Com mais de dois anos de experiência no meio, Aryana destaca que ganhou visibilidade após disputar alguns campeonatos, mas que ainda precisa lidar com o preconceito relacionado ao sexo feminino. “Alguns dos campeonatos me deram uma boa visibilidade. Recentemente jogamos o Camplota e pretendo jogar a Liga NFA com minha line (equipe fixa) do Manaus. Sempre vai ter (resistência pelo fato de ser mulher), mas hoje em dia acontece menos. Com o cenário feminino crescendo, vamos ganhando nosso espaço aos poucos”, apontou.
Ascensão dos campeonatos femininos
Apesar da grande quantidade de jogadoras, os principais torneios de Free Fire não são voltados para o público feminino, que ainda tem um espaço restrito. Mesmo sem um torneio oficial da desenvolvedora do jogo, o público feminino tem conquistado lugar no cenário competitivo, por meio de campeonatos amadores, como a Liga das Estrelas e Liga NFA.
Um deles, o maior campeonato não oficial de Free Fire, é a Liga NFA, que será mais extensa e passará por uma reformulação em 2021. Chegando à quinta edição, liga de NFA Feminina está marcada para acontecer em meados de junho.
Na competição, 12 times disputarão a Season, uma temporada do principal campeonato do cenário de emuladores do Free Fire. A Furia, uma das organizações de E-Sports do Brasil, também faz sucesso em outras modalidades, e disputa o campeonato com uma line-up (termo conhecido como time, no mundo dos games) 100% feminina.
Representante amazônico
O Manaus FC E-Sports, equipe de Aryana, já contou com times femininos de outros jogos além do Free Fire e de acordo com o diretor Johnatan, o clube desde o início do projeto dos jogos eletrônicos dentro do Manaus FC (clube de futebol profissional) já existia uma visão voltada ao apoio do cenário feminino.
“Sabemos da importância de apoiar a comunidade que todo dia passa por preconceitos dentro dos games. Com a ajuda do Manaus FC e os patrocinadores, conseguimos dar o suporte necessário para manter e incentivar várias outras jogadoras a entrar no competitivo”, afirmou o diretor.
As equipes femininas de Call of Duty Mobile disputaram a fase de qualificação sul-americana do Mundial Feminino e foi vice-campeã, enquanto o time de Rainbow Six Siege participou do circuito feminino oficial da Ubisoft (desenvolvedora do jogo). Atualmente, a equipe de Free Fire participa dos principais eventos nacionais do game.
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Edição: Carolina Givoni