03 de julho de 2020
12:07
Carolina Givoni – Da Revista Cenarium
MANAUS – Cerca de seis indígenas espalhados pelo território brasileiro vieram à óbito por dia, dentro de um período acumulado de oito dias. No total, 44 nativos morreram em decorrência do novo Coronavírus no comparativo da CENARIUM nesta sexta-feira, 3.
O levantamento se baseia no boletim epidemiológico disseminado pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), e Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), desde o inicio da pandemia no Brasil.
No mesmo boletim divulgado pela Coiab na quinta-feira, 2, foram registrados 358 óbitos, com 7.379 casos confirmados de Covid-19 e 92 povos atingidos. Já em 24 de junho, eram registrados 314 óbitos, com 87 povos atingidos e 5.435 casos confirmados. O aumento entre os casos confirmados é de 36%, com 14% de subida nos óbitos registrados no período.
Leia também: Amazônia concentra 63% das mortes de quilombolas causadas pela Covid-19 no país
APIB
No boletim APIB, divulgado nesta quinta-feira, 2, o acumulado registra 412 nativos mortos pela Covid-19, com 10.373 casos confirmados e 121 povos atingidos, incluindo a etnia Warao, originária da Venezuela. Sendo assim, em 24 de junho, 8.066 casos de Covid-19 eram positivos entre os povos originários, sendo 359 óbitos distribuídos em 112 povoados.
SESAI
As informações obtidas pelo Departamento de Atenção à Saúde Indígena (DASI) e disponibilizadas pelo Governo Federal apontam que em 24 de junho, haviam 4.7711 casos de covid-19 entre os indígenas dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), com registro de 128 óbitos.
Após 8 dias, o número cresceu de óbitos cresceu 30%. Por conta disso, atingindo a marca de 166 mortos. Quanto aos infectados, o percentual subiu 51%, com a incidência acumulada de 7.198 casos confirmados de Covid-19.
Divergências
As divergências das contagens ocorre por conta do monitoramento da Sesai, que abrange apenas 750 mil nativos no país. No total, 1 milhão de indígenas, sendo 250 mil destes, vivem em áreas urbanas.
As entidades independentes como a Apib e a Coiab afirmam que o Governo Federal só contabiliza casos em terras indígenas homologadas. Além de não prestar atendimento aos povos que vivem fora dos territórios tradicionais, atitude considerada por especialistas como racismo estrutural.