Polícia Federal prende novo suspeito das mortes de Bruno e Dom

Placa com os rostos do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira (Chris J Ratcliffe/Greenpeace)

18 de janeiro de 2024

21:01

Adrisa De Góes – Da Agência Cenarium

MANAUS (AM) – A Polícia Federal (PF) prendeu nesta quinta-feira, 18, Jânio Freitas de Souza, suspeito de envolvimento nas mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips. O crime ocorreu em junho de 2022 na Terra Indígena do Vale do Javari, em Atalaia do Norte, no Amazonas, em uma região próxima à Tríplice Fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru.

A informação foi divulgada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. “Foi preso pela Polícia Federal mais um envolvido na organização criminosa que perpetrou os homicídios contra Bruno Pereira e Dom Phillips”, escreveu ele nas redes sociais.

O suspeito é pescador e considerado braço direito de Ruben Dário da Silva Villar, conhecido como “Colômbia”, acusado de ser o mandante dos assassinatos. A prisão ocorreu no município de Tabatinga (a 1.108 quilômetros de Manaus).

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Ruben Dario da Silva Villar, o ‘Colômbia’ (Divulgação)

Segundo a investigação, foi Jânio de Souza quem avisou os assassinos sobre a travessia de Bruno e Dom pelo Rio Itaquaí, onde foram vistos com vida pela última vez. A PF classificou o suspeito como “informante e aliado do mandante dos homicídios”.

O nome do suspeito também consta em uma outra investigação do assassinato do agente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) Maxciel Pereira dos Santos, executado por um pistoleiro em 2019 em Tabatinga.

Inquérito policial

A Polícia Federal (PF) já indiciou os executores da morte de Bruno Pereira e Dom Phillips. Os suspeitos foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF), além dos ocultadores dos cadáveres das vítimas, que incluem parentes de executores dos crimes.

Acusado de ser o mandante dos homicídios, “Colômbia” está preso em Manaus por falsificação de documentos de identidade e por ser chefe de uma organização criminosa transnacional armada em outro inquérito que apurou pesca ilegal e contrabando.

Também respondem pelos crimes Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, e Jefferson da Silva Lima, conhecido como “Pelado da Dinha”.

Crime brutal

O jornalista inglês Dom Phillips chegou a Atalaia do Norte no começo de junho de 2022 com o propósito de entrevistar lideranças indígenas e ribeirinhos para um novo livrorreportagem que planejava escrever. Colaborador do prestigiado jornal britânico The Guardian, Phillips já tinha um nome provisório para sua futura obra: Como Salvar a Amazônia.

Além de já ter estado na região algumas vezes e de falar bem o português, o inglês de 57 anos viajaria na companhia do experiente indigenista Bruno Araújo Pereira. Ex-servidor da então Fundação Nacional do Índio (Funai, que hoje se chama Fundação Nacional dos Povos Indígenas), o pernambucano de 41 anos chegou à cidade poucos dias antes de Phillips e do início daquela que seria a última viagem da dupla.

Manifestação pede Justiça pelas mortes de Dom e Bruno (Bruno Santos/Folhapress)

Bruno estava licenciado da Funai desde o início de fevereiro de 2020. Servidor de carreira da fundação, ele tinha sido dispensado da Coordenação-Geral de Indígenas Isolados e de Recente Contato apenas quatro meses antes. Insatisfeito com os rumos que a equipe de governo do então presidente Jair Bolsonaro impunha à política indigenista, Pereira optou por se licenciar para “tratar de assuntos pessoais” e passou a trabalhar como consultor técnico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).

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Revisado por Adriana Gonzaga