28 de março de 2023
14:03
Ívina Garcia – Da Agência Amazônia*
MANAUS – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem em posse um terceiro conjunto de joias dadas pelo regime da Arábia Saudita. O pacote contendo um relógio da marca Rolex, de ouro branco e com diamantes, foi levado por Jair no fim do mandato, em 2022, e compõe o acervo pessoal do ex-mandatário.
Conforme apurou o Estadão, o conjunto dado à Presidência, em uma caixa de madeira clara, tinha o símbolo verde do brasão de armas da Arábia Saudita, e além do relógio, trazia uma caneta da marca Chopard prateada, com pedras encrustadas; um par de abotoaduras em ouro branco, com um brilhante cravejado no centro e outros diamantes ao redor; um anel em ouro branco com um diamante no centro e outros em forma de “baguette” ao redor, uma “masbaha”, um tipo de rosário árabe, feito de ouro branco e com pingentes cravejados em brilhantes.
O presente foi entregue durante viagem oficial do presidente com sua comitiva entre os dias 28 e 30 de outubro de 2019, quando estiveram em Doha, no Catar, e em Riade, na Arábia Saudita. O valor estimado do Rolex cravejado de diamantes chega a R$ 364 mil, enquanto os demais itens, se compradas peças similares, chegam ao valor de R$ 200 mil.
A reportagem apurou que Bolsonaro ordenou que o conjunto fosse levado ao seu acervo privado, conforme formulário de encaminhamento de presentes, preenchido com a especificação de cada item do conjunto. Na parte inferior desta descrição, há uma pergunta que se questiona se “houve intermediário no trâmite”. A resposta é: “não”. Uma segunda pergunta questiona se o presente foi “visualizado pelo presidente”. A resposta é: “sim”.
As joias permaneceram no acervo privado de Bolsonaro desde o dia 8 de novembro de 2019, data de registro feito pelo Gabinete Ajunto de Documentação Histórica da Presidência. Em 6 de junho de 2022, porém, o presidente pediu para que tivesse com o conjunto em mãos e dois dias depois o status do presente foi atualizado para “sob a guarda do Presidente da República”.
Presentes Sauditas
A comitiva do ex-presidente tentou entrar ilegalmente no Brasil com presentes sauditas, em outubro de 2021, sem realizar a declaração dos bens. Conforme levantamento, os dois presentes transportados pela comitiva, uma caixa de presentes e um conjunto de joias de diamantes, estavam avaliados em cerca de R$ 1 milhão e R$ 16,5 milhões.
A princípio, Bolsonaro alegou desconhecer os presentes, mas logo voltou atrás e devolveu à União, por se tratarem de presentes para a Presidência. Entre os itens também se encontravam um fuzil e uma pistola dada pelos Emirados Árabes. O Tribunal de Contas da União deve fazer uma auditoria nos demais presentes recebidos pelo ex-presidente.
(*) Com informações do Estadão