Roraima lidera ranking de focos de queimadas, aponta Inpe

Área devastada por Incêndio em Roraima (Reprodução/Agência Brasil)

29 de fevereiro de 2024

14:02

Karina Pinheiro – Da Agência Cenarium

MANAUS (AM) – O Estado de Roraima ocupa o primeiro lugar no ranking de focos de queimadas, de acordo com dados do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Roraima registrou até esta quinta-feira, 28, 2.606 focos entre janeiro e fevereiro, com o número de focos detectados pelo satélite AQUA Tarde.

Desde o fim de janeiro, Roraima sofre com os focos de queimadas, que, juntamente com a estiagem, foram se intensificando. No sábado, 25, o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), declarou situação de emergência em nove municípios afetados pela seca, buscando recursos e ações emergenciais para conter os incêndios.

Os prejuízos causados pela estiagem e pelas queimadas ainda não foram estimados; entretanto, a Defesa Civil estadual relatou açudes e igarapés que secaram em propriedades rurais, plantações queimadas e animais mortos pelo fogo.

O Inpe aponta que oito dos dez municípios com maior número de focos estão em Roraima: Caracaraí, Mucajaí, Rorainópolis, Amajari, Iracema, Alto Alegre, Caroebe e Boa Vista. Caracaraí ocupa o primeiro lugar com mais de 400 focos.

Focos por município no Programa Queimadas (Reprodução /Inpe)

O Conselho Indígena de Roraima (CIR) afirmou que os incêndios florestais começaram a avançar nas Terras Indígenas do Estado. De acordo com o Inpe, sete das dez terras indígenas que mais têm focos de calor destacam-se: a T.I. Yanomami, com 230; Raposa Serra do Sol, somando 91; e Terra Indígena São Marcos, com 21.

Local de incêndio na Terra Indígena Yanomami (Missão Catrimani / Hutukara Associação)

O coordenador de campo das Brigadas Comunitárias, Jabson Nagelo, do CIR, afirma que mesmo com os esforços em conjunto dos moradores, brigadistas comunitários e PrevFogo/Ibama, a ação se torna pequena diante das queimadas que se espalham nas regiões.

“Os trabalhos nesse período foram bem intensos e complicados, os focos não param, em quase todas as comunidades indígenas tem algum fogo, mesmo não sendo grande, mas tem. Em algumas comunidades onde foram feitos os trabalhos de queima prescrita, não houve incêndios grandes, já estamos verificando a possibilidade de colaborar em alguma ação grande”, disse Nagelo.

De acordo com o registro do World Air Quality, a qualidade do ar da capital, Boa Vista, está com 106 AQI (Air Quality Index), considerada não saudável para grupos sensíveis. Todavia, o índice chegou a 160 AQI nesta quarta-feira, 28.

Durante a crise da fumaça no Amazonas, na seca de 2023, a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, afirmou que o principal vetor das queimadas é o desmatamento e que não existe fogo natural na Amazônia.

No dia 8 de fevereiro, a ministra declarou estado de emergência ambiental em Roraima e em outras localidades do País, cujo decreto foi publicado no Diário Oficial da União (DOU). O Estado está sob alerta do ministério até abril de 2024 para incêndios florestais.

Confira o vídeo em Terras Indígenas:
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Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Gustavo Gilona