Sebo Alienígena: um espaço de resgaste, memórias e incentivo à leitura para público manauara

Os sebos costumam ser uma boa opção aos que procuram itens literários e fonográficos raros no mercado (Reprodução/Instagram)

04 de maio de 2021

10:05

MANAUS – Um cantinho todo especial voltado para o resgate de venda de discos e livros antigos na cidade de Manaus. Assim é o Alienígena Espaço Cultural, que caminha para os dez anos de existência. O sebo, localizado na rua Lima Bacuri, no centro de Manaus, é símbolo de resistência em meio às transformações e modernidade vividas pela sociedade. O espaço surgiu após o historiador Jorge Bandeira, de 53 anos, resolver vender um acervo pessoal que totalizava mais de 30 mil itens entre livros, cds, e outros objetos raros.

Após algum tempo, a iniciativa foi dando certo e junto com o ex-sócio, o arqueólogo Marcelo Araújo, o lugar ganhou o nome de Alienígena – Um acervo de outro mundo. Em 2016, o local passou por outra transição, mudando para o nome pelo qual é conhecido atualmente, em sociedade com o administrador Antônio Rodrigues. Para ele, o lugar proporciona uma relação de consumo e saber diferente. “Acredito que assim como nós, existem as pessoas que têm com o livro, o disco, o dvd, uma relação diferente. É a preferência pelo palpável, pelo tátil, sabe? Mas te confesso que é um nicho, você tem que amar e viver aquilo para tocar um negócio desse. Literatura e música são amores resistentes a essa efemeridade que aí está”, conta Antônio.

O sebo possui um grande acervo com quase dez anos de existência (Reprodução/Instagram)

Diferencial

De acordo com o responsável, o espaço se tornou umas das principais referências quando o assunto é a busca por livros, tanto para o público adulto quanto para o infantojuvenil. Ele conta que os materiais são garimpados e que dão preferência sempre para materiais diferenciados, raros e em bom estado. Uma forma de reaproveitar objetivos que estariam esquecidos ou que, provavelmente, seriam perdidos ao longo do tempo.  

“Após reorganizar o layout da nave, fizemos o resgate da loja de discos. Para encontrar material diferenciado, raro e de excelente estado, vamos atrás fazer o famigerado ‘garimpo’. Pessoas fazem contato para vender esse material analógico, que, na maioria das vezes, está em casa completamente ocioso. O espaço é alternativo vai desde crianças (acompanhados dos pais), para procurar por gibis, quadrinhos e afins, até adultos na faixa dos 50 anos, é bonito de se ver”, revela.

Mãe e filho, clientes do Espaço Cultural (Reprodução/Instagram)

Inspirando a leitura

Quando indagado qual a maior satisfação de manter o sebo funcionando após tanto tempo, Antônio diz que nada supera a alegria e a importância de ver de perto jovens, crianças e adultos irem até o local sedentos em busca de conhecimento ou procura de alguma obra especial que foi marcante em determinado momento da vida.

“Acredito que não somente para mim, mas também para meu sócio, Jorge Bandeira, é maravilhoso ver essa juventude procurando alta literatura. Quando vimos um adolescente entrar na nave procurando por Bolaños, Schopenhauer, Cortázar, Hemmingway, e conseguimos atender, sabemos da nossa importância e responsabilidade na formação literária daquela pessoa. É extremamente gratificante”, comemora Antônio.

Sobre as obras mais procuradas no espaço cultural, ele conta que obras de ficção, contos e os clássicos de autores(as) como Kafka, Dostoiévski, Clarisse Lispector são uns dos que se destacam. Além da grande busca por materiais esotéricos “Dispomos de uma estante só para este segmento literário com livros raros e fora de catálogo”, finaliza.

O local também resgata o hábito das vendas de cds e discos de vinil (Reprodução/Instagram)