Tremores de terra são comuns no Amazonas, dizem especialistas

Moradores de Atalaia do Norte sentiram baixo impacto do tremor. (Foto: Divulgação/ AAM)

09 de setembro de 2021

14:09

Luís Henrique Oliveira – Da Cenarium

MANAUS – Moradores de Atalaia do Norte (a 1.136 quilômetros de Manaus) foram surpreendidos na noite dessa quarta-feira, 8, com um tremor de terra que atingiu 4.8 graus de magnitude, segundo dados das estações da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR). O abalo ocorreu por volta das 22h14 (horário de Brasília), a uma profundidade de 15 quilômetros. Segundo especialistas, esses tremores são considerados normais no Amazonas.

De acordo com a geóloga Vivian Marjorie, países próximos de placas tectônicas estão mais propícios a sentirem o sismo. “Os abalos sísmicos ou tremores de terra geralmente ocorrem quando as rochas estão sob grande pressão, vinda do interior do planeta. Essa pressão exerce uma força nas rochas (placas tectônicas) e procura alguma maneira de se exaurir”, disse.

Já o geofísico Marcos Ferreira do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), o evento sísmico ocorreu em uma região de baixa densidade populacional. “Por conta disto, não temos muitos relatos de que foi sentido na região. As cidades mais próximas do epicentro são Mâncio Lima (AC) e Cruzeiro do Sul (AC)”, completou.

Ferreira observou ainda que os eventos dessa região costumam ser resultado das atividades da placa de Nazca. Contudo, em geral, são muito mais profundos que o evento de quarta-feira, em torno de 500 a 600 quilômetros.

À CENARIUM, alguns moradores de Atalaia do Norte confirmaram o tremor, mas não chegaram a sentir fortes impactos. “Foi algo muito leve. Único problema causado foi com relação ao serviço de energia elétrica que acabou sendo interrompido. Não sei se por coincidência ou motivado, de fato pelo tremor”, destacou o administrador Jonas Campos, de 34 anos.

Colisão Andina

Segundo a rede sismográfica, mais de 31 abalos sísmicos foram registrados no Acre, Amazonas e Roraima, ao longo dos últimos 10 anos, sendo que os tremores de magnitude igual ou superior a 4 graus ocorrem com certa frequência.

Já especialistas apontam que o principal Estado do País com maior registro de abalos é o Acre, no extremo Oeste brasileiro, por conta da proximidade da Colisão Andina. Para se ter uma ideia, na década de 1980, um terremoto atingiu a categoria 7 na escala Richter, sem feridos.

Em abril deste ano, um outro terremoto de magnitude 4.1 foi registrado no município de Tarauacá, no interior do Acre, segundo cálculos do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). O epicentro foi localizado a 558 quilômetros de profundidade e a 140 quilômetros a sudoeste de Tarauacá.