Tropical Hotel vai manter atividade turística e será local de aulas práticas, diz grupo universitário

Além de hotel, o espaço vai servir como laboratório para as práticas dos cursos da Fametro (Gabriel Abreu/ Revista Cenarium)

12 de novembro de 2020

13:11

Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – Após três tentativas de oferta, um dos hotéis mais visitados da Amazônia por artistas, chefes de estados e pessoas influentes do mundo, o Hotel Tropical vai continuar atendendo a rede de hotelaria da cidade. Na manhã desta quinta-feira, 12, o diretor administrativo do Grupo Fametro, Wellington Lins, disse que o local servirá ainda para aulas práticas de alunos da instituição.

A estrutura foi arrematada nessa quarta-feira, 11, pelo Grupo Fametro por R$ 91.075.100,00 milhões em leilão determinado pela 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ/RJ).

“Nós investimos por muito tempo, cerca de 18 anos, na área da educação. Iniciamos em 2019 para atuar na área da saúde com a compra da Santa Casa de Misericórdia. Identificamos em 2020 o Tropical Hotel como oportunidade de investir no turismo e um resgate histórico de um ícone do turismo do estado do Amazonas”, enfatizou o diretor administrativo.

O advogado Antônio Júnior informou que as dívidas pendentes não serão pagas pelo Grupo Fametro e que a aquisição foi feita sem nenhum débito. “A Fametro assume o Hotel Tropical sem nenhuma dívida e que as pessoas que possuem débito a receber vão receber da massa falida com os valores que serão depositados e que não terá nenhuma dívida trabalhista, fiscal, cível de qualquer natureza e a Fametro recebe o Tropical sem nenhum débito e que não há nenhum impedimento jurídico para a volta do funcionamento do hotel”, explicou o advogado.

A vice-reitora, Cinara Cardoso disse que o espaço vai servir como laboratório para as práticas dos cursos da Instituição.

Fundação

Inaugurado em 26 de março de 1976, na presença do então presidente Ernesto Geisel, o Hotel Tropical foi construído pelo Grupo Varig, em ação coordenada com o governo da época com o objetivo de integrar a Amazônia ao Brasil e ao mundo. Com 235 mil m², foi um dos maiores complexos turísticos hoteleiros da América do Sul, com quadras de tênis, ginásio poliesportivo, praia privativa e até um zoológico particular.

No local de hospedagens, sete longos corredores com 611 apartamentos. Tudo rodeado pela floresta, com vistas para o rio negro que banha o oeste de Manaus.

O local atraiu hóspedes célebres como o príncipe britânico Charles, que já esteve duas vezes no hotel —uma delas com a princesa Diana—, o ex-presidente americano Bill Clinton e os ex-presidentes do Brasil Michel Temer, Dilma Rousseff, Lula e Fernando Henrique Cardoso.

Além de Pelé, ficaram no hotel o cantor britânico Elton John, o escritor colombiano Gabriel García Márquez e cantoras como Gloria Gaynor e Ivete Sangalo —a baiana foi atração de um show privado no local.

Fechamento

Antes de fechar em meados de maio de 2019, o Hotel Tropical estava “afogado” em dívidas trabalhistas, tributos e de serviços. O que causou demissões em massa e escancarou os débitos trabalhistas do empreendimento, que ultrapassa R$ 20 milhões, segundo o Sindicato dos Empregados do Comércio Hoteleiro do Amazonas. O resort, que chegou a empregar mais de mil pessoas, decretou falência com cerca de cem funcionários, dispensados em seguida.